As tecnologias financeiras estão transformando, em ritmo acelerado, a forma como os brasileiros gerenciam seu dinheiro. A digitalização do sistema financeiro não é apenas uma tendência: é uma revolução que democratiza o acesso a serviços antes restritos às grandes instituições. Hoje, qualquer pessoa com um celular e acesso à internet pode movimentar valores, contratar crédito, investir e até interagir com robôs financeiros. Mais de 120 milhões de brasileiros utilizam o Pix. O número de fintechs no país cresceu mais de 50% em apenas um ano. E os cheques, que já representaram o coração das transações, hoje mal somam 5% do volume registrado em 2019.
Neste artigo, você vai entender como sete tecnologias financeiras estão moldando o presente e o futuro do setor bancário, os principais marcos regulatórios envolvidos e os impactos práticos para clientes, bancos, fintechs e advogados especializados em direito bancário.
Pix e Pix por Aproximação
Lançado em 2020, o Pix se consolidou como o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, com mais de 18 bilhões de operações em 2024. Já o Pix por aproximação — inovação de 2021 — permite pagamentos sem abrir aplicativos ou digitar códigos, bastando aproximar o celular.
Base legal: Lei nº 14.063/2020 e circulares do Banco Central (como as de nº 1.037 e 1.056) estabelecem normas de segurança, limites e funcionamento.
Segurança jurídica: A autenticação por biometria e PIN cumpre exigências da LGPD e da regulamentação do BC. Em casos de fraude, a responsabilidade recai sobre a instituição financeira, salvo culpa do usuário.
Impacto prático:
- Elimina a necessidade de maquininhas e troco.
- Favorece pequenos negócios e transporte público.
- Estimula a inclusão digital por meio de carteiras digitais.
Open Finance
A evolução do Open Banking para o Open Finance permitiu ao consumidor controlar seus próprios dados e autorizar o compartilhamento com diferentes instituições autorizadas.
Regulação: A Resolução CMN nº 1.073/2021 e a Circular nº 4.056/2021 definem padrões de APIs, segurança e governança.
Benefícios diretos:
- Produtos personalizados e comparadores automatizados.
- Portabilidade de crédito com menos burocracia.
- Maior proteção de dados conforme a LGPD.
Drex
O Drex, ainda em fase piloto, representa o primeiro passo rumo à digitalização total do real. Baseado em blockchain permissionado, o Drex visa transações instantâneas, smart contracts e registro de ativos tokenizados.
Regulação em construção:
- Consulta pública e sandbox regulatório.
- Potencial de reduzir custos operacionais e aumentar a rastreabilidade fiscal.
Biometria Facial
A biometria facial tornou-se essencial nos processos de autenticação, utilizada por mais de 70% dos bancos brasileiros. Ela impede fraudes por imagem estática, com validação em tempo real.
Aspectos legais:
- Enquadrada como dado sensível pela LGPD.
- Exige consentimento expresso e medidas rigorosas de segurança.
- Vazamentos geram responsabilidade civil e penal.
Inteligência Artificial
Chatbots e algoritmos de IA já operam tanto no atendimento ao cliente quanto na análise de crédito e detecção de fraudes.
Riscos jurídicos e éticos:
- O BC exige governança e explicabilidade das decisões automatizadas.
- Modelos enviesados podem violar princípios da isonomia e gerar passivos legais.
- Projetos de lei como o PL 21/2020 buscam estabelecer regras específicas.
Fintechs e Inovação Aberta
O Brasil abriga mais de 1.500 fintechs, que oferecem soluções em crédito, pagamentos, seguros e investimentos — muitas nascidas em sandboxes regulatórios.

Pontos fortes:
- Inclusão financeira para microempreendedores e populações desassistidas.
- Regulação colaborativa entre Banco Central e CVM.
Riscos latentes:
- Dependência de infraestrutura em nuvem.
- Fragilidade na governança de startups em crescimento acelerado.
Desafios e Perspectivas
Apesar dos avanços, ainda enfrentamos obstáculos importantes:
- Exclusão digital: cerca de 20% da população não tem acesso confiável à internet.
- Baixa educação financeira: muitos usuários desconhecem direitos e limites dos serviços digitais.
- Cibersegurança: ataques e fraudes exigem vigilância constante.
- Regulação lenta: o marco legal muitas vezes só se adapta após litígios.
Conclusão
As tecnologias financeiras vêm consolidando um sistema mais inclusivo, moderno e dinâmico. Para os consumidores, conhecer os próprios direitos — como portabilidade, transparência tarifária e proteção contra fraudes — é essencial. Para bancos e fintechs, inovar sem ignorar a legislação pode ser a diferença entre crescer ou enfrentar sanções severas.
E para o advogado bancário, o novo cenário exige atuação estratégica: da análise de contratos digitais ao suporte em operações com IA, passando pela conformidade com a LGPD e defesa em litígios sobre segurança cibernética.
Em um ambiente em constante mutação, quem alia inovação, regulação e educação financeira não apenas acompanha o mercado — lidera sua transformação.
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